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Foto oficial da Equipe SLEC antes de uma partida na zona rural do município de Santa Margarida
(Foto: Divulgação / Equipe SLEC) |
Visto há alguns anos atrás como algo impensável, o futsal feminino cresce mais a cada dia no meio esportivo das escolas. Já não é uma cena incomum ver meninas no meio das quadras correndo atrás das bolas ao invés de simplesmente se sentarem nas arquibancadas para assistirem os garotos jogarem. Apesar das condições de acesso e participação nas práticas corporais e esportivas ainda favorecerem o universo masculino, aos poucos tais barreiras sexistas são quebradas, dando oportunidade de vermos atletas com as unhas pintadas e batom participarem de dribles e jogadas de encherem os olhos dos espectadores. E Manhuaçu já conta com inúmeros times assim, sendo que dentre tantos, existe o SLEC, que aos poucos vai escrevendo sua história no meio esportivo da cidade.
Fundado em 15 de novembro de 2004, o Santa Luzia Esporte Clube (SLEC) surgiu da necessidade de levar para as crianças não apenas a prática de esportes – no caso o futsal – como também incutir nelas a ideia de socialização e companheirismo. O nome Santa Luzia é uma homenagem ao bairro homônimo, onde a equipe surgiu. Uma comunidade densamente povoada na cidade de Manhuaçu.
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Sílvio Dutra dos Santos, fundador e técnico do SLEC
(Foto: E.C.Sette / PR) |
Para seu fundador, Sílvio Dutra dos Santos, por ser um bairro muito populoso, tinha problemas relacionados às drogas e violência tão comuns em cidades deste porte. Sabedor que o esporte é um importante meio de desviar as crianças de um caminho perigoso, ele decidiu juntar um grupo de meninos e fundar um time que rapidamente se transformou em clube. O mais curioso é que hoje a Equipe SLEC pratica exclusivamente o futsal feminino. "Ao trabalhar com os garotos, notava que as adolescentes ficavam meio que desamparadas de um programa parecido. Além do mais, eu possuía muitos amigos que começaram a pedir para que eu fizesse algo por suas filhas, uma vez que escolinhas para meninos era comum, mas a comunidade era carente de um trabalho parecido com as garotas". Disse o técnico e fundador da escolinha de futsal feminino do bairro, ao justificar o fato de voltar sua atenção para este trabalho.
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Unhas pintadas e muita técnica com a bola são cenas comuns durante as partidas
(Foto: Divulgação / Equipe SLEC) |
A ideia pegou. E Sílvio rapidamente não apenas passou a trabalhar com as adolescentes do bairro, como também recebeu garotas de outros locais de Manhuaçu, devido à procura de pais que observavam o trabalho sério realizado ali. No princípio eram apenas seis meninas, mas hoje o projeto já conta com quase trinta adolescentes, sendo reconhecido pela população, inclusive recebendo apoio de empresários da cidade. “Hoje recebemos o apoio da sociedade e de algumas empresas, como o EM VIDA que fez a doação dos uniformes e a GULOZITOS que doou as bolas, entre outras. Há também o envolvimento dos pais que hoje participam ativamente do trabalho, inclusive comparecendo aos jogos”. Disse Sílvio.
E esse engajamento repassa confiança não apenas às atletas como aos pais. “O Sílvio tem um projeto muito interessante, pois as meninas são cobradas não apenas dentro de quadra, pois para aquelas que desejam permanecer dentro do time é necessário corresponder com boas notas na escola. Além disso, tem a preocupação com a saúde delas. Inclusive amanhã uma de minhas filhas estará fazendo um tratamento dentário gratuito. Eu dou todo o meu apoio a este trabalho”. Disse Márcio, morador do bairro Santa Luzia e pai de duas adolescentes que participam do projeto: Jennifer e Geórgia.
Este ponto abordado por Márcio reflete a preocupação e atenção que o Projeto SLEC dispensa às atletas, pois ultrapassam as linhas e alambrados das quadras, já que existe o cuidado de oferecer um tratamento diferenciado também no campo da saúde e educação. Profissionais de saúde que acreditam no trabalho que é realizado no bairro atendem as garotas, seja através de palestras de nutricionistas, a tratamento dentário e médico.
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Muita concentração e atenção às determinações do técnico antes dos treinos e das partidas
(Foto: Divulgação / Equipe SLEC) |
Porém, como todo trabalho filantrópico no país, o SLEC também passa por problemas relacionados à estrutura financeira, já que seu idealizador não pode dedicar mais tempo ao projeto, uma vez que atua somente nas horas de folga de seu emprego. “Infelizmente hoje sou forçado a recusar o ingresso de novas garotas, apesar da procura por vagas ser grande. Pois mesmo que estejamos recebendo o apoio de muitos empresários, esta ajuda não é suficiente para permitir uma atenção a um grupo maior de adolescentes”. Mas ele tem esperança de que esta realidade mude. E completa: “A cidade de Manhuaçu possui muitos empresários interessados no bem estar dos jovens. Às vezes falta apenas terem o conhecimento de um projeto desta natureza. Gostaria de convidar estes empresários a acompanharem mais de perto nosso trabalho. Toda ajuda que puder ser dada será bem vinda”. Finalizou.
Portal Realeza
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